domingo, 11 de maio de 2008

Wagner diz que só pretende reintegrar demitidos da PM após manifestação judicial

Biaggio Talento, da Agência A Tarde
O governador Jaques Wagner (PT), que começou sua vida política no movimento sindical, manifestou descontentamento com greves em setores essenciais que causam transtornos à população. Chegou a qualificar de “burrice” o travamento do tráfego de Salvador pelo Sindicato dos Rodoviários. Ao ser perguntado durante a entrevista que concedeu ao jornal A TARDE (cuja maior parte foi publicada na edição do último domingo) sobre a razão de os demitidos da Polícia Militar no governo do PFL não terem sido reintegrados à tropa, Wagner lembrou não ter defendido a quebra da linha hierárquica, em especial numa corporação militar: “Nunca fui dos que estimulei o sargento pegar em arma e apontar ao capitão.”Ele disse ter externado esse conceito “na época” (da greve de 13 dias da PM, em 2001). “Quem anda com uma arma na cintura para dar segurança à população, o seu direito à rebeldia é limitado, sinto muito”, disse, esclarecendo que está em curso o processo de reintegração dos 18 demitidos da PM que sempre alegaram terem sido excluídos da corporação por perseguição política do então governador César Borges na época do PFL e hoje no PR, que integra a base política do governador Wagner.Há um ano e cinco meses, a Associação dos Policiais da Bahia (Aspol) cuja diretoria é integrada por ex-demitidos, cobra o cumprimento da promessa de readmitir todos os perseguidos políticos nos governos passados. Sindicalistas como o sargento José Lourenço Dias, presidente da Aspol, foi um dos que apareceram no programa político de Wagner, na campanha de governador em 2006, reclamando da perseguição dos pefelistas e exibindo contracheque de PM para mostrar que, na época, o salário dos soldados baianos era um dos piores do Brasil. A Aspol reclama de que os demitidos já obtiveram na Justiça mandados de reintegração de posse e o retorno dependeria da vontade política do novo governo.Wagner explicou já ter feito a reintegração “se não me engano, de sete” e, ao ser indagado por que os outros também não foram, apesar de possuírem os mandados de reintegração, declarou: “Se for decisão judicial, não tem o que discutir. Agora precisa saber se a decisão judicial transitou em julgado, porque o cidadão ganha na primeira e eu, como Estado, tenho que recorrer.Se transitar em julgado e eu não cumprir uma ordem judicial, posso até receber ordem de prisão. Se alguém tem ordem judicial transitado em julgado é óbvio que já teria que ter cumprido”. Wagner insistiu que, enquanto não houver uma decisão judicial definitiva, é preciso estudar “caso a caso”, ponderando que não haverá problema em conceder anistia a quem mereça, mas ressalvou: “Não vou dar salvo conduto a qualquer tipo”. Burrice – O assunto propiciou ao governador manifestar sua insatisfação com as categorias de trabalhadores que realizam greves prejudiciais à sociedade, posição que garantiu ostentar desde a sua época de sindicalista. Ele apontou a impossibilidade de médico que atua no setor de emergência parar, mas foi mais crítico em relação aos rodoviários que vem realizando paralisações em Salvador transtornando a cidade em horários críticos como ocorreu semana passada.“Por exemplo, acho que pára o ônibus, mas não pode ‘empatar’ a vida dos outros. Você pára numa fila, faz seu protesto, mas deixa a vida das pessoas continuar. Até porque é uma burrice quando você ‘empata’, você chama a ira de todo mundo contra a sua causa e não a simpatia; o cidadão está indo para o aeroporto e é interrompido, ele pensa: ‘Pô, o que tenho a ver com isso? Eles querem brigar contra o governo e empatam minha vida?’”. Quem comanda o Sindicato dos Rodoviários de Salvador é o deputado J. Carlos, do PT, um dos quatro postulantes a ser o candidato petista na eleição de prefeito de Salvador.

Nenhum comentário: