terça-feira, 27 de maio de 2008

Pedofilia na internet

Imagens de garota de 13 anos desacordada e sendo currada por três jovens, em cidade do extremo sul baiano, circulam na rede mundial
Jaciara Santos
O carpinteiro D.S.R., 42 anos, residente há seis anos em Nova Jersey, nos EUA, recebeu um e-mail, na semana passada, que o deixou atordoado: em um arquivo contendo 54 fotografias, postado por um amigo, sua filha de apenas 13 anos aparecia mantendo relações sexuais com três rapazes. Desorientado, imaginou tratar-se de uma sósia ou uma montagem. Encaminhou a mensagem para a família em Itanhém, cidadezinha do extremo sul baiano, a 983km de Salvador, e obteve a confirmação. Nas imagens, a garota parece estar desacordada e é sistematicamente currada pelos jovens.

O caso chegou ao conhecimento do delegado José Neles Araújo, titular da 8a Coordenadoria de Polícia do Interior, com sede em Teixeira de Freitas, que pediu, ontem à tarde, a prisão temporária do comerciário Darlan Costa, 19 anos, e a apreensão dos dois adolescentes de 17, que participaram da curra e de sua divulgação na internet. Os dois crimes ferem o Artigo 313 combinado com o 224 do Código Penal Brasileiro (estupro com presunção de violência) e o 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que dispõe sobre “fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”.

Intimado a prestar depoimento, Darlan não foi encontrado ontem pela polícia. Informações não confirmadas dão conta de que ele teria fugido para Minas Gerais, estado que faz fronteira com Teixeira de Freitas, sua cidade de origem. Um dos rapazes de 17 anos também estaria em Minas. Circula, em Itanhém, o boato de que o outro adolescente envolvido no caso teria sido levado para Portugal. A reportagem do Correio tentou entrar em contato com os familiares dos acusados, mas não obteve êxito.

Circo de horrores – Ouvida, ontem à tarde, pelo delegado Neles Araújo, a garota de 13 anos não tinha muito o que contar. Relatou ter saído de casa, no bairro de São João, próximo à estação rodoviária, por volta das 17h do dia 21 do mês passado. Queria tomar um sorvete. No caminho, encontrou o colega de 17 anos que a convenceu a ir à residência de um amigo dele, da mesma idade, situada no centro da cidade.

Sem desconfiar das reais intenções dos rapazes, a garota ficou conversando com eles à porta, durante alguns minutos. Em dado momento, sentiu sede e entrou no imóvel. Terminou dando a deixa para o circo de horrores que viveria em seguida. Depois de beber água, a menina foi persuadida a ingerir uma bebida da cor de conhaque e a cheirar uma substância que estava em uma garrafa plástica. Desmaiou e só viria a acordar no dia seguinte, em casa.

Ao despertar, mais de 12 horas depois de ter ingerido a bebida misteriosa e inalado a substância, a menina sentia dores na cabeça e na área genital. Por medo de represálias, silenciou sobre o fato com a mãe, a comerciária N.R.S., 37 anos. Somente na semana passada, a garota e os familiares ficaram sabendo, pela rede mundial de computadores, o que acontecera naquela noite. Antes deles, um incalculável número de internautas tomou conhecimento do fato.


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