quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sindicato se exime de baderna nas Sete Portas

George Brito e Redação, A tarde

Após a confusão na última terça-feira, dirigentes do Sindicato dos Rodoviários da Bahia e autodenominados líderes da oposição sindical se eximiram de culpa pelo transtorno causado nas Sete Portas e trocaram acusações. O movimento dos ônibus foi normal, mostrando que prevaleceu a decisão do sindicato de aceitar os 5% oferecidos pelos empresários do segmento.

Os dirigentes sindicais negaram que tenham ignorado a decisão da categoria e alegam que a maioria eram desempregados e taxistas mobilizados pela oposição para causar o tumulto. “Não ignoramos a votação, o que aconteceu foi que o mesmo grupo que fez a baderna em 2006 compareceu para tumultuar. Eles têm interesse na greve, porque estão desempregados e muitos também trabalham com transporte particular”, acusou Manoel Machado, presidente do sindicato. “Aquele que você viu subir no ônibus há 20 anos não dá um prego no sabão”, disse o diretor Ubijara Sales, em referência a José Leite, que gritou palavras de ordem sobre o veículo.

Por sua vez, Leite questiona a decisão considerada unilateral tomada terça-feira pela direção, segundo ele sem o aval da maioria presente na assembléia. Ele diz que pretende entrar com representação no Ministério Público do Trabalho (MPT) para que o acordo salarial seja anulado. Também chegou a falar em quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos dirigentes.

“Vou pedir a quebra ao Ministério Público”, afirmou. O processo de quebra de sigilo pode ser provocado pelo MP, mas só a Justiça pode autorizá-lo. Até esta quarta, nenhuma representação tinha chegado ao MPT. Leite diz que ainda está colhendo as assinaturas para o abaixo-assinado que fundamentará a ação.

Leite, que diz ter sido diretor sindical por 12 anos, negou que tenha inflado os manifestantes que causaram os transtornos. “Pelo contrário, eu que os acalmei. Quando cheguei à assembléia, eles já tinham decidido pelo acordo”, argumenta. Ele também põe em xeque a lisura do repasse feito pelos empresários à direção sindical, para que esta gerencie os recursos e contrate as seguradoras do plano de saúde.

Repasse – O representante do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Jorge Castro, estranhou a suspeita e explicou que o repasse está previsto em cláusula contratual firmada entre as partes há dez anos. “É assim que funciona desde 1998. Inclusive o José Leite era o diretor. Todos os rodoviários sabem”, afirmou.

Segundo Castro, o empresariado aceitou a proposta de 5% porque o secretário municipal de Transporte e Infra-estrutura (Setin), Almir Melo Júnior, comprometeu-se a batalhar pela desoneração da tarifa, começando por uma audiência com o secretário estadual de Administração, Manoel Vitório. “Vamos negociar com o Estado a redução de ICMS de 18% para 5%”, disse Melo. Quanto aos 5%, Melo explicou que, “diante da inflexibilidade dos empresários, foi um número razoável, porque ainda estava acima da inflação, de 4,78%”.

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