quarta-feira, 21 de maio de 2008

Viadutos e passarelas estão sem manuntenção há três anos

Eder Luis Santana e Adilson Fonsêca, do A TARDE
A água brota das vigas de ferro expostas no Túnel Américo Simas, que liga as partes alta e baixa de Salvador. No Viaduto Mascarenhas de Moraes, na Avenida Cardeal da Silva, as infiltrações fazem com que a estrutura esteja corroída e as águas da chuva caem como cachoeira na pista. Já no Viaduto do CIA, na BR-324, as grades de proteção estão enferrujadas e as rachaduras põem em risco a estrutura.

É tanto patrimônio sem o devido cuidado que o Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) resolveu fazer um mapeamento dos bens públicos que necessitam de manutenção. Viadutos, passarelas e canais que foram erguidos há 40 anos e acabaram sendo esquecidos.

Um exemplo típico é o Viaduto Mascarenhas de Moraes. As manchas escuras comprovam o poder das infiltrações e as camadas de concreto apresentam rachaduras. “O ideal seria que houvesse um trabalho de manutenção preventiva, ao invés de realizar obras somente na hora de corrigir os problemas”, diz o presidente do Sinaenco na Bahia, Claudemiro Santos.

O último levantamento do sindicato foi feito há três anos. Batizado de Infra-estrutura da Bahia: prazo de validade vencido, foi feito em Salvador pela primeira vez em 2005. Seu objetivo é alertar à sociedade e às três esferas de governo (municipal, estadual e federal) sobre a importância de investir na manutenção do patrimônio existente, em vez de apenas se preocupar com a realização de novas obras.

Esquecida – Construído na década de 60, o Túnel Américo Simas é o retrato deste abandono ao longo de suas quatro faixas de tráfego, que passam por baixo do bairro do Santo Antônio Além do Carmo. Um gari que trabalha há 12 anos no local diz que os únicos serviços que já viu serem feitos ali foram de pintura e troca de lâmpadas. “A sinalização ainda é problemática, os acidentes acontecem sempre”, afirma.

De 2005 até hoje, apenas um local citado na pesquisa recebeu os devidos reparos. Foi a ponte sobre o Rio Jaguaribe, na orla marítima da região do Clube Sesc. Construída em concreto armado, a estrutura foi reformada seis meses depois do estudo.

Para a versão apresentada este ano, novos espaços foram identificados como problemáticos. O pior de todos é o Viaduto do CIA, com diversos pontos de ferragens expostos.

Um pouco mais adiante, as críticas recaem sobre a Passarela da Brasilgás, no Acesso Norte da BR-324. Gente que vive próximo ao local, como o ambulante Pedro Santana, 55 anos, diz que a estrutura nunca sofreu intervenção direta. “E ainda tem os vândalos. Outro dia roubaram toda a fiação elétrica”, relembra.

Passarelas – A Prefeitura de Salvador, através da Sumac (Superintendência de Manutenção da Capital) promete gastar R$ 1,2 milhão para recuperar todas as 20 passarelas para pedestres na cidade. O processo de licitação acontecerá nos próximos 30 dias e inclui a recuperação da estrutura da passarela da Avenida Centenário, próximo ao Shopping Barra, a mais estragada.

O superintendente do órgão, Luciano Valadares, explicou que os recursos serão aplicados principalmente em pintura e recuperação do piso. Ele citou como exemplo a passarela localizada no início da Avenida Bonocô, Valéria e Calabetão (estas na BR-324), que têm várias placas do piso estragadas, e a do Shopping Barra, que, devido à corrosão provocada pela ação do salitre, precisam de manutenção mais urgentes.

De acordo com Valadares, além dos recursos de R$ 1,2 milhão a serem aplicados agora, um novo contrato deverá ser feito com as empresas vencedoras da licitação, em junho, para que nos próximos quatro anos esta manutenção seja feita periodicamente. “Para tanto, vamos disponibilizar também R$ 1,2 milhão a cada ano para a manutenção”.

A exemplo da Sumac, a Surcap (Superintendência de Urbanização da Capital) também tem, conforme explicou o dirigente do órgão, Ricardo Gidi, projetos para a recuperação de pontes e viadutos na cidade.

Gidi afirma que a prefeitura deverá investir R$ 3,5 milhões do tesouro do município nas obras, a depender das análises técnicas, que começaram a ser feitas na semana passada e devem estar concluídas até meados do próximo mês. O valor projetado é maior que toda a verba do orçamento do órgão (R$ 2,5 milhões) para manutenção desses equipamentos, em 2006. A Surcap estima que entre sete e dez viadutos sofrerão intervenções.

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