quinta-feira, 22 de maio de 2008

População ignora risco das redes elétricas

Adilson Fonsêca, do A TARDE
De janeiro a maio deste ano, sete pessoas morreram e outras sete ficaram feridas vítimas de acidentes no manuseio inadequado com a rede pública de energia elétrica. A última morte ocorreu em Salvador, na ultima segunda-feira, quando o vigilante Mário Fernando da Cunha, 41 anos, foi eletrocutado no bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário.

A maioria dos casos envolve obras nas fachadas e lajes das casas próximas à rede elétrica, instalação de antenas de televisão e o uso de pipas (arraias) junto à fiação pública. A Coelba, (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) atribui à população e às prefeituras a culpa pelos acidentes, porque não se observam as normas de segurança, e também pela ocupação desordenada do solo, com construções irregulares, respectivamente.

Em seis anos (de 2001 a 2006), conforme os dados da pesquisa feita pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), a média anual de acidentes com a rede elétrica é de 986 pessoas, das quais 323 morrem à cada ano, e outras 278 ficam com lesões graves. No último ano da pesquisa (2006), 71 pessoas morreram eletrocutadas no Brasil ao reformar ou ampliar imóveis de forma irregular; outras 39 morreram ao instalar “gatos” na rede elétrica; 134 por instalação de antenas de televisão e oito por soltarem pipas junto à rede elétrica.

No Estado, conforme os dados da Coelba, os locais de maior índices de acidentes são Salvador e Região Metropolitana, e periferia de Feira de Santana. Já em Salvador, a empresa apresenta como os locais mais problemáticos os bairros de perfil mais popular, como Pernambués, Estrada das Barreiras, Tancredo Neves, Vila Dois Irmãos, Mata Escura e Sussuarana, por onde passam as linhas de transmissão de alta voltagem de energia tanto da Coelba como da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).

Riscos – Reunidos nesta quarta-feira pela manhã para debater o assunto, os gerentes de Regulação Técnica e Comercial, Eugênio Correia Teixeira, e de Expansão de Rede, Joubert Meneguelli, explicaram ser difícil impedir os acidentes, na medida em que a população não segue as recomendações dadas pela empresa, que vêm impressas nas contas de luz e são veiculadas também em campanhas institucionais.

Segundo Joubert Meneguelli, a Coelba não tem o poder de polícia para impedir as construções irregulares e “muito menos tem estrutura para fiscalizar todos os 4,3 milhões de consumidores existentes no Estado (925 mil em Salvador). “O fato é que orientamos os consumidores sobre tais riscos, mas, mesmo assim, eles parecem ignorá-los e só nos resta tentar minimizá-los”, disse.

Hortaliças – Joubert explicou ainda que, em alguns casos, como em áreas por onde passam as linhas de transmissão de alta tensão, tanto da Coelba como da Chesf, a empresa estimula o plantio de hortaliças, como forma de evitar a ocupação desordenada do solo.

Em Salvador, as linhas de transmissão da Chesf são de 138 a 500 Kilovolts (Kv), enquanto as da Coelba variam entre 13,8 Kv a 69 Kv. A tensão da energia que chega às casas varia entre 127 a 220 volts. O gerente Eugênio Correia Teixeira explicou que as recomendações no manuseio de equipamentos elétricos, desde a rede em si a aparelhos eletrodomésticos é uma recomendação adotada em todas as 14 concessionarias no país.

Nenhum comentário: