quinta-feira, 1 de maio de 2008

Dengue tem aumento de 30,5% no Nordeste

Amélia Vieira, do A TARDE
Os casos de dengue cresceram 30,5% no Nordeste de janeiro a abril deste ano, em comparação com o mesmo período de 2007, de acordo com o último informe da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Em Salvador, esse crescimento é facilmente percebido na rede de saúde pública, que está superlotada devido ao grande fluxo de pessoas preocupadas por apresentar sintomas semelhantes aos da dengue. A grande demanda gera problemas: em alguns locais, o atendimento está sendo negado, sob a justificativa de que se ultrapassou a capacidade; em outros, é preciso pegar senha e esperar por horas.
Na frente do Hospital Couto Maia, a equipe de reportagem encontrou a autônoma Maria de Fátima Espírito Santo Silva, 55 anos. Sua nora, Josiane Jesus Pereira, segundo ela, está com suspeita de dengue grave, também chamada hemorrágica. Maria de Fátima conta que, na quarta-feira, sua nora estava com pressão baixa, febre, dores na cabeça e no abdômen e chegou a vomitar sangue. Elas procuraram, sem êxito, ajuda nos hospitais João Batista Caribé e Geral do Estado. Por fim, foram ao Couto Maia.
“Foi onde conseguimos atendimento. Eles deram soro, medicaram e mandaram voltar para casa dizendo que não havia leito”, relata Maria de Fátima. Ontem, a paciente retornou ao hospital, fez novos exames e esperava pelo resultado. “Onde eu moro (Periperi), está alastrado de dengue”, diz a autônoma. Sua nora reside no Alto do Cabrito.
O chefe do plantão da emergência do Hospital Couto Maia, Valteli Valverde, por sua vez, informou que o fluxo de pacientes, ontem, estava normal e que, até o final da manhã, havia registrado apenas quatro casos suspeitos de dengue. Quanto às pessoas internadas, contudo, afirmou não ter informações. Por ser feriado, não havia ninguém na direção para informar quantos pacientes estavam hospitalizadas com dengue grave (ou suspeita) e o estado de saúde dessas pessoas.
Nas unidades de saúde da cidade, uma grande parcela dos que procuravam atendimento ontem era de pais e parentes, preocupados com o estado de saúde de crianças. No 12º Centro de Saúde, localizado na Boca do Rio e administrado pelas Obras Sociais de Irmã Dulce, muitos retornaram sem atendimento. A alegação, segundo eles, é que não havia vaga no setor pediátrico. Não havia ninguém no posto autorizado a dar entrevistas, segundo os seguranças.
Entre os que precisaram procurar ajuda em outra unidade estava o casal Alberto Belo, 28, garçom, e Inês Lima de Jesus Santos, 33, cozinheira. Eles saíram de Sussuarana para levar o filho, Júnior, de 4 anos, para ser examinado por um médico. Há quatro dias o menino está com febre constante, dores de cabeça e de estômago. “Com a dengue assolando, não podemos ficar só em casa dando remédio, sem procurar um médico”, disse o pai. “Mas disseram que está lotado. Não tem vaga para ele. Acho que vou ao Hospital Roberto Santos”, decidia Alberto.
Problema semelhante enfrentou Alexandre Magno, 32, pintor. Ele e a esposa saíram do Nordeste de Amaralina, ontem, e foram para o posto da Boca do Rio buscar uma cura para o filho Mateus, de 2 anos. “Ele teve febre tão alta à noite que chegou a delirar”, comentou o pai.
PACIÊNCIA – Na Unidade de Saúde São Marcos, o atendimento não estava sendo negado. Porém era preciso ter paciência e esperar, não só porque estava muito cheio, mas também porque o posto é voltado, prioritariamente, para atendimentos de urgência e emergência. A dona-de-casa Maria Rita de Jesus, 41, conta que chegou à unidade às 8h30 e às 10h30 ainda não havia conseguido um médico para examinar o filho Davi, de 3 anos. Há cinco dias o garoto tem febre e dor de cabeça. No terceiro dia dos sintomas, a mãe levou o menino a um posto de saúde em Cajazeiras 8, e lá, conta, a médica disse que se tratava de uma virose, deu medicamento para este fim e mandou que Maria Rita desse muito líquido à criança. “Como ele não melhorou, resolvi voltar ao posto, em Cajazeiras. Mas lá não faz exame da dengue e tive que vir para aqui”, explicou.
Vizinha da Unidade de Saúde de São Marcos, a dona-de-casa Diane Santos Souza, 24, foi ao posto procurar ajuda para seu filho, Ian, de 1 ano. Ela e a filha de 5 anos já tiveram dengue, a exemplo, diz ela, da maioria dos seus vizinhos. “Estou bastante preocupada”, disse Diane sobre o estado de saúde do filho.
Febre, dor de cabeça e diarréia foram os sintomas apresentados por Joyce, 5 anos, e que motivaram sua mãe a procurar suporte médico, visto que há três dias, mesmo tomando tylenol e muito suco, ela não melhora. “Estou medicando como dengue, porque não sei o que é. Mas como não melhora, fiquei com medo”, disse Jerusa Souza Martins Melo, 46, moradora do Alto do Coqueirinho e que, na manhã de ontem, foi ao Centro de Saúde Dr. Hélio Machado, que fica situado no bairro de Itapuã.
MUITA GENTE – Bastante abatida e gemendo muito, a doméstica Vera Lúcia Alves, 38, chegou ao centro de saúde de Itapuã amparada pelo marido, o pedreiro José Carlos de Jesus Santos, 38. “Tem muita gente com dengue onde moramos (na Baixa de Itapuã), por isso achamos que ela está também”, afirmou José, explicando que sua companheira estava com febre, calafrios, dores de cabeça e nas pernas, tontura, garganta inflamada e também sem apetite.

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