sábado, 26 de abril de 2008

Produção industrial baiana entra em estagnação

Setor cresceu apenas 2,4% na Bahia, nos últimos 12 meses, enquanto a média nacional atingiu 6,9%
Jony Torres - Correio da bahia
A indústria baiana está estagnada. A avaliação é de economistas que se baseiam no fraco desempenho do setor nos últimos 12 meses, que cresceu apenas 2,4%, enquanto a média nacional atingiu 6,9%. Entre a falta de infra-estrura, concentração da produção em poucos segmentos e a taxa cambial desfavorável, a ineficiência na política de captação de novos investimentos é apontada como uma das principais razões para a tendência de queda.
“A indústria do estado estacionou. Não há novos investimentos, falta infra-estrutura e uma agressividade do governo para trazer novos negócios”, afirmou o economista Armando Avena, ex-secretário estadual de Planejamento. Ele faz uma comparação com o estado de Pernambuco, que de março de 2007 a fevereiro de 2008, cresceu 6,5%. “Eles estão mais agressivos e ainda têm o Porto de Suape, um equipamento de alto nível”, completou Avena. O Correio da Bahia tentou entrevistar o secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo, mas ele se encontra em Dubai em visita oficial.
Outro fator decisivo para a perda de espaço da indústria local, na qual trabalham 13% dos baianos, é a sua concentração de quase 80% da produção em um número reduzido de segmentos. De acordo com o relatório de Acompanhamento Conjuntural Federação da Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), os principais são refino (32,6%), químicos (24,8%), alimentos e bebidas (8%), veículos automotores (6,9%) e celulose e papel (4,3%). A Fieb alerta ainda para a saturação da capacidade produtiva desses setores e para a falta de perspectiva de crescimento no curto prazo.
A situação é ainda pior quando observada a participação de grandes empresas, segundo análise de Marcus Verhine, economista da Superintendência de Desenvolvimento da Fieb. Ele explica que o refino praticamente se resume às atividades da Refinaria Landulpho Alves, a produção de químicos à Braskem, os automóveis à Ford, e a celulose à Veracel. “Desta forma, nós ficamos dependentes das decisões estratégicas dessas companhias. Se elas direcionam investimentos para outros locais, nós não crescemos”.
A concentração se reflete também nas exportações. Apenas as seis maiores empresas exportadoras do estado venderam juntas US$1,295 bilhão, cerca de 66% do total das exportações baianas, nos três primeiros meses de 2008. Uma demonstração da falta da vocação exportadora da maior parte do parque industrial do estado. “Aqui, excluindo as fábricas de celulose, só se vende para fora o excedente ou quando há oportunidade com bons preços lá fora”, concluiu Marcus.

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