sábado, 19 de abril de 2008

Alunos de baixa renda vão para a escola a pé

São seis quilômetros de caminhada diária (ida e volta) sob sol inclemente ou mesmo sob chuva torrencial. O estudante Marcos Cícero Santos Ferreira, 15 anos, é o mais velho de uma família de quatro filhos e uma mãe solteira, cuja renda não supera o valor de um salário mínimo (R$415).
A pé, faz o percurso entre a invasão da Cocisa, em Paripe, até o Colégio Estadual Anfrísia Santiago, em Coutos, no Subúrbio Ferroviário. Não pensa em abandonar os estudos, mas sua história é um retrato das dificuldades pelas quais passa boa parte dos alunos mais pobres das escolas estaduais de Salvador, cujas dificuldades começam no pagamento da passagem do transporte público.
Dados mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam que 21 em cada 100 matriculados no ensino médio de escolas públicas estaduais abandonam as aulas antes do fim do ano letivo. Entre os que ainda estão no fundamental, o índice cai para 14,9%.
Entre os vários fatores está um intrinsecamente econômico: integrantes da classe média baixa, os estudantes têm dificuldades de pagar o preço da passagem do transporte público, mesmo sendo, em Salvador, a metade do valor da tarifa oficial – R$1.
Sem dinheiro para bancar as viagens diárias entre a casa e a escola, muitos recorrem ao cooper forçado para não perder a aula. É o caso de Marcos Cícero. Ele diz sentir fortes dores nas costas por conta da “paleta”, mas afirma que não faltou a nenhuma aula este ano.

*Confira a matéria completa na edição deste sábado do jornal Correio da Bahia

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