terça-feira, 29 de abril de 2008

Bem avaliado, Lula vem à Bahia no dia 9

Ministro da Integração Nacional confirma visita do presidente para lançar o PAC do Cacau
Luiza Torres - Correio da Bahia
Com a melhor popularidade em abril desde quando assumiu o governo, em 2003, segundo pesquisa divulgada ontem pela CNT/Sensus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca no próximo dia 9 na Bahia para lançar, provavelmente em Itabuna, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do cacau. O protocolo de implantação do PAC do Cacau, esperado pelos cacauicultores baianos há um ano, garantirá, segundo divulgou ontem o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, R$2,542 bilhões para a região sul da Bahia, cujo crescimento foi afetado pela praga da vassoura-de-bruxa.
O PAC do Cacau é uma ação conjunta de três ministérios: Fazenda, Agricultura e Integração Nacional, que estão encarregados de agilizar com os bancos a renegociação das dívidas e a concessão de novos créditos aos produtores, além de cuidarem da diversificação da economia regional. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Camacan, Guilherme Castro Moura, os produtores esperam que o governo federal faça um acordo com os cacuicultores diferente do restante do endividamento rural do país.
“Os produtores não provocaram esta dívida, mas foram prejudicados com a vassoura-de-bruxa que devastou as plantações”, disse. Outra expectativa é que todos os cacauicultores sejam tratados da mesma maneira, sem diferencial, já que inicialmente o governo pretendia beneficiar os grandes, alegando maior prejuízo para estes. “A crise atingiu a todos de forma igual. Tanto as pequenas quanto às grandes lavouras de cacau”, afirmou.
Estima-se que 250 mil pessoas tenham perdido seus empregos e que a dívida dos cacauicultores seja atualmente de R$800 milhões. O produtor e consultor do segmento Thomas Hartmann aguarda o PAC do Cacau com ansiedade. Ele afirmou que a demora em solucionar o problema só prejudica a economia brasileira, já que o Brasil é obrigado a importar o cacau.
“Muitos produtores faliram por causa da crise e enfrentam diversas dificuldades e o governo ainda não tem uma solução definida para o problema. Esperamos que o PAC do Cacau não fique apenas no papel, pois há um ano estamos negociando com o governo federal”. Hartmann explicou que, com a crise, os produtores foram impossibilitados de tomar empréstimos bancários, prejudicando ainda mais qualquer tentativa de restaurar as lavouras.
Pesa - Uma das medidas do PAC é regularizar a situação dos 700 produtores endividados em função das 1ª e 2ª etapas do Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa). Já os produtores com dívidas no Pesa, explicou o ministro, poderão recorrer aos Certificados do Tesouro Nacional (CTN) para liquidar suas obrigações. Por esse sistema, o produtor pagará apenas os juros do capital devido, recebendo um bônus de liquidação de 15%.
O ministro Geddel Vieira Lima afirmou que, no momento em que o produtor tem o lastreamento pelos CTNs, 50% das garantias ficam liberadas. “O que buscamos, então, é assegurar que o produtor possa tomar novos créditos sobre esse percentual de garantias liberadas”, disse o ministro, que sinaliza poder utilizar para esses créditos recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste administrado pelo Ministério da Integração.
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‘Ninguém consegue fazer tudo em oito anos’
SÃO PAULO - No mesmo dia em que a última pesquisa CNT/Sensus apontou o aval de 50,4% da população a um terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse considerar que oito anos é um período curto demais para fazer o necessário numa administração. Em Guarulhos (SP), ao discursar após visitar obras habitacionais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula afirmou que seu sucessor precisa ser “mais abençoado” do que ele próprio e mais atento à população pobre.
“Ninguém consegue fazer tudo em oito, nove ou dez anos”, disse o presidente, ao citar como exemplo o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá (PT), que deixará o cargo no fim do ano. Ao lado dos ministros Márcio Fortes (Cidades), Marta Suplicy (Turismo) e Fernando Haddad (Educação), Lula lembrou que, em 1º de maio, faltarão 32 meses para o fim de seu segundo governo. “Quem vier depois de mim, eu só tenho que pedir a Deus todo dia e toda hora para que seja uma pessoa até mais abençoada do que eu, que faça mais do que eu. Que olhe para os pobres mais do que nós estamos olhando”, discursou.
Sorridente o tempo todo, Lula deixou de lado o terno e a gravata. Vestindo jeans e camisa de manga curta, lembrou que “odiava política” quando vinha a Guarulhos nos anos 60 e hoje é presidente. Ele voltou a dizer que “está cheio de gente que só gosta de pobre em época de eleição”. “Agora, nós já aprendemos quem é que gosta de pobre antes, durante e depois das eleições”, emendou.
Antes disso, em Osasco (SP), o presidente pediu a correligionários que não associem as obras do PAC à campanha eleitoral. “Não pode ter um clima eleitoral porque daqui a pouco a Justiça Eleitoral pensa que eu estou fazendo campanha”, alertou Lula, ao lado de Marta e de outros pré-candidatos. Voltando-se ao prefeito Emídio de Souza (PT), Lula acrescentou: “Eu queria, meu caro Emídio, dizer para você que está difícil lançar o PAC nesses tempos porque estamos entrando em época de campanha. A imprensa vive dizendo que o presidente está lançando o PAC em campanha política”.
Serra vaiado - Em Osasco, no palanque com Lula e Marta Suplicy, o governador José Serra (PSDB) ouviu vaias, que duraram uns dois minutos e mereceram a reprovação do presidente, que abraçou, aplaudiu e chamou o tucano de “meu caro amigo governador”. Lula disse: “Em outros tempos não seria possível que políticos de partidos diferentes estivessem juntos em uma cerimônia de lançamento de obras”. Embalado pelo apoio, Serra apelou para o futebol e o testemunho do prefeito Emídio de Souza. “Presidente Lula, o Emídio e eu somos de partidos diferentes, mas temos uma coisa em comum. O Emídio, como eu, é palmeirense”. Dividiu a multidão – metade vaiou, metade ovacionou. (AE)
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Petista mantém popularidade em alta
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou a melhor popularidade em abril deste ano desde que o petista assumiu o governo em 2003, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem. Entre os entrevistados, 57,5% avaliaram o governo como positivo. Na pesquisa anterior, realizada em fevereiro passado, 52,7% consideraram o governo do petista positivo. Desta vez, apenas 11,3% dos entrevistados avaliaram o governo como negativo, contra outros 29,6% que o consideram regular.
Em janeiro de 2003, a avaliação do governo chegou a 56,6%, depois registrou queda. Mas voltou a crescer desde o início deste ano, já em seu segundo mandato. A avaliação pessoal do presidente Lula também subiu de 66,8% para 69,3% de fevereiro a abril deste ano. Somente 26,1% desaprovaram o presidente, enquanto 4,7% não responderam. Os índices de popularidade de Lula só perderam, em abril de 2008, para as avaliações de sua popularidade registradas em 2003 – o ano em que foi empossado no cargo –, quando obteve 83% de aprovação.
O diretor da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, disse que o bom desempenho do governo Lula pode ser atribuído ao crescimento da economia, geração de empregos e programas sociais implantados pela Presidência da República. “Há também a boa movimentação do presidente, seu discurso popular com a divulgação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O presidente consegue capitalizar bem suas políticas. Dá a sensação de um governo eficiente”, afirmou.
Segundo Clésio, o governo federal também consegue realizar uma “movimentação política” positiva em termos da divulgação de suas ações. “O seu marketing é bem trabalhado”, afirmou. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre 21 e 25 de abril em 136 municípios de 24 estados. Foram ouvidas duas mil pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Terceiro mandato - A pesquisa também constatou que 50,4% dos entrevistados responderam ser a favor da alteração da Constituição do país para que seja permitido um terceiro mandato para o presidente. Por outro lado, 45,4% declararam serem contra a reeleição de Lula e apenas 4,3% não se posicionaram sobre o assunto.
Tecnicamente, o resultado entre a favor e contra representa um empate, segundo o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes. Ele ressaltou, no entanto, que é muito expressivo o porcentual de entrevistados que se declararam a favor da reeleição. No caso de um terceiro mandato, Lula ganharia a eleição em uma disputa com o governador do estado de São Paulo, José Serra. Lula teria 51,1% dos votos e Serra, 35,7%. (Folhapress e AE)
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Crescimento econômico é ponto forte
BRASÍLIA - O diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, atribuiu o aumento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a alta da avaliação positiva do seu governo ao processo de crescimento econômico. Segundo ele, o fator-chave a favor de Lula e da sua administração, na pesquisa, foi a melhoria da renda mensal do trabalhador, propiciada pelo crescimento da economia. Para 37,8% dos entrevistados na pesquisa CNT/Sensus de abril, divulgada ontem, a renda mensal aumentou. Na sondagem anterior, realizada em fevereiro, o porcentual dos que consideraram ter havido aumento da renda foi de 29,5%, o que significa que, em dois meses, houve um salto de 8,3 pontos porcentuais na avaliação para mais.
Ricardo Guedes disse que o aumento e a consolidação da popularidade do presidente da República foram favorecidos também pela criação de empregos no país e pelos resultados de programas sociais como o Bolsa-Família. O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, disse que a sigla Programa de Aceleração do Crescimento e a movimentação política do presidente Lula pelo país inaugurando obras transmitiram uma “sensação” de eficiência do governo. (AE)
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Ministra se fortalece
BRASÍLIA - Além de ganhar espaço na pesquisa CNT/Sensus nas intenções de voto para a eleição presidencial de 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não é considerada pelos entrevistados a principal culpada pela elaboração do dossiê sobre gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 21,1% dos entrevistados, membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Cartões Corporativos tiveram a maior parte da responsabilidade pela elaboração e divulgação dos dados do dossiê.
A ministra ficou em segundo lugar, com 17,4%. Para 13,1% dos entrevistados, foram assessores da ministra os responsáveis; para 9%, a responsabilidade é da Casa Civil. A pesquisa CNT/Sensus mostrou que 57,9% dos entrevistados ouviram falar da CPI Mista dos Cartões ou têm acompanhado os trabalhos da comissão. Mas, desses, 58,1% avaliam que a CPI não vai examinar de forma isenta as denúncias sobre o dossiê e 29,6% esperam que sim.
A maioria (57,8%) dos que acompanham a CPI ou ouviram falar dela é a favor de que a apuração do Congresso Nacional seja feita tanto em relação ao governo do PT quanto ao governo anterior, do PSDB. E 12,7% se disseram favoráveis a uma investigação sobre o governo do PT, e 6,1% se disseram favoráveis a que a investigação inclua o governo do PSDB.De fevereiro para abril, a pesquisa CNT/Sensus mostra que Dilma, “nomeada” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), subiu de 4,5% para 6,2% nas intenções de voto. A lista é liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, com 36,4%, seguido do deputado Ciro Gomes (PSB), com 16,9%, e da ex-senadora Heloísa Helena (Psol ), com 11,7%. (AE)
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Mudança descartada
BRASÍLIA - Os governistas comemoraram as conclusões da pesquisa CNT/Sensus. Para os aliados, a avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é sinal de reconhecimento das ações federais. Mas negam qualquer estímulo a uma eventual mudança na Constituição que propicie um terceiro mandato de Lula. “O apoio de mais de 50% dos entrevistados a um terceiro mandato é uma referência positiva. Mas nada fará com que o governo queira modificar a Constituição para poder ocorrer um terceiro mandato. Isso está fora de cogitação”, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Segundo Jucá, a avaliação de 57,5% dos pesquisados que apontaram como positivo o governo demonstra que as ações federais são aprovadas pela população. “É o reconhecimento da população das ações que estão sendo executadas. As mudanças realizadas pelo presidente Lula estão sendo aprovadas. Isso é resultado das ações federais, sem dúvida alguma”, disse ele.
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), também comemorou os resultados da pesquisa CNT/Sensus. “Há sintonia entre os programas de governo e o que a população espera. O resultado da pesquisa é motivo para nós de grande alegria”, afirmou ele”. (Folhapress)
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Influência da agenda
A oposição reagiu hoje aos resultados da pesquisa CNT/Sensus, que apontam que 57,5% dos entrevistados consideram positivo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto 50,4% são favoráveis que ele tenha um terceiro mandato. Para o DEM, PSDB, PPS e Psol, os entrevistados foram influenciados pela intensa agenda de Lula nos últimos meses e também por uma espécie de campanha de seus aliados em favor da extensão do governo - o terceiro mandato.
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que “há uma confusão na cabeça das pessoas” entre aspectos positivos causados pelo cenário econômico internacional e ações do governo. Segundo ele, essa confusão também colabora para que muitos apóiem o terceiro mandato. “Essas duas avaliações, mostradas na pesquisa, já eram esperadas. O presidente Lula gasta a maior parte de seu tempo destacando o que faz no governo”, afirmou Maia.
Da mesma maneira pensa o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP). Para Aníbal, os entrevistados avaliaram o governo federal a partir do que ocorreu nos últimos dois meses e os atos públicos de Lula. “Nos últimos dois meses, o presidente Lula faz “campanha” de segunda a segunda-feira e transformou o PAC em remédio para tudo, um verdadeiro absurdo”, disse Aníbal. (Folhapress)

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