sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Senado dos EUA não chega a acordo sobre ajuda a montadoras

AFP

Washington - Um plano para aprovar um resgate de US$ 14 bilhões da indústria automobilística dos Estados Unidos foi derrubado nesta sexta-feira, 12, no Senado, horas depois de o presidente da Câmara Alta anunciar um princípio de acordo.

Fontes legislativas disseram que o plano chegou a um ponto morto quando os sindicatos da indústria automotiva rejeitaram as exigências republicanas de aceitar uma redução imediata de salários.

"Estou terrivelmente decepcionado (...) É uma perda para o país", disse Harry Reid, líder da maioria democrata do Senado, que acreditava que o projeto seria aprovado hoje.

Segundo o legislador republicano George Voinovich, os representantes do Sindicato de Trabalhadores da Indústria Automotiva estavam dispostos a um corte salarial, mas não antes de 2011.

O plano original foi aprovado na quinta-feira, 11 , na Câmara de Representantes com 237 votos a favor e 170 contra, mas com o "sim" de apenas 32 legisladores republicanos.

A proposta sofreu um revés no Senado depois de o líder da minoria republicana, Mitch McConnell, anunciar que votaria contra.

Os democratas têm apenas 50 cadeiras no Senado, e precisavam de 60 votos para frear a minoria republicana.

Para justificar sua posição, McConnell usou o argumento de muitos republicanos: que o plano não oferecia garantias para a viabilidade a longo prazo da GM, da Ford e da Chrysler.

O maior "defeito" do plano, destacou o senador republicano, é que ele "promete dinheiro dos contribuintes em troca de reformas que podem ou não ocorrer amanhã".

O opositor acrescentou que, em vez de pedirem que a população "subsidie um fiasco", os americanos merecem garantias de que seu "investimento" propiciará o surgimento de empresas "mais eficientes e mais sólidas, que não precisem de mais ajuda dos contribuintes daqui a poucas semanas ou meses".

O consenso é que, sem o empréstimo, o colapso das companhias agravaria a crise econômica com a eliminação de milhões de empregos.

A GM é a montadora que mais precisa da ajuda, enquanto a Ford disse que só usaria os recursos se sua situação se agravar.

No entanto, McConnell deixou uma porta aberta ao pacote de ajudas ao assinalar que a proposta do senador republicano do Tennessee, Bob Corker, melhoraria muito o resgate às montadoras.

"Minha proposta é muito simples: disponibilizamos o dinheiro que as empresas pedem, mas, em troca, exigimos condições", disse Corker, em cujo estado há uma fábrica da GM.

A proposta do senador do Tennesse obriga as empresas a traçar, até 15 de março de 2009, um programa detalhado para a redução de sua dívida em dois terços.

Além disso, pede que as três montadoras ajustem seus custos trabalhistas para que se equiparem aos de suas concorrentes estrangeiras, como Nissan, Toyota e Honda.

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotivo (UAW, na sigla em inglês) disse que temia que seus membros acabassem virando "bodes expiatórios", já que, segundo alega, o custo trabalhista dos funcionários do setor é de aproximadamente 8%.

Até o momento, de nada serviram as pressões da Casa Branca para que os republicanos permitam a votação do plano.

O presidente eleito dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama, também se uniu aos apelos para que o Congresso aprove o plano ainda esta semana.

"Não podemos simplesmente assistir ao colapso desta indústria como observadores, porque isso provocaria um efeito dominó devastador em toda nossa economia", disse Obama em uma entrevista coletiva em Chicago.

Os US$ 14 bilhões a serem aprovados são bem menos que os US$ 34 bilhões solicitados pelas montadoras, mas os legisladores acreditam que essa quantia basta para que elas continuem operando até março de 2009.


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