sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

“Falso Olodum” faz show para 2,6 mil turistas

Marcos Uzel, do A TARDE*

Uma denúncia feita por um dos diretores do Grupo Cultural Olodum pode vir a causar muita dor de cabeça à Bahiatursa e à empresa LR Turismo, sediada no bairro do Comércio. De acordo com o diretor Jorge Ricardo, responsável pela venda de shows do Olodum no Brasil e no exterior, uma falsa banda se fez passar por representantes do grupo musical do Pelourinho, na última quarta-feira (10), para recepcionar os 2680 turistas que estavam a bordo do navio C Mediterrânea, aportado no cais do porto de Salvador.



Jorge Ricardo soube da notícia por testemunhas que viram os supostos músicos vestidos com a logomarca do Olodum e tocando percussão em tambores com as mesmas cores utilizadas nas apresentações do famoso grupo baiano. “Pessoas que estavam por lá perguntaram se era mesmo o Olodum e essa falsa banda confirmou que sim. É mais um formato de pirataria. Não é possível que a gente agora vá ter que lutar contra isso também”, protesta Ricardo, que chegou a ver imagens dos farsantes numa matéria exibida pela TVE Bahia.



O diretor do Olodum acusa a empresa LR Turismo de ter contratado os percussionistas para receber os tripulantes do navio, que havia chegado de Maceió e ficou atracado na capital baiana até a meia-noite de ontem, seguindo viagem rumo à Ilhéus.



A operadora de receptivos da LR, Neuza Freitas, nega a acusação e culpa um órgão oficial do governo do Estado pela farsa. “Quem contratou aquela banda foi a Bahiatursa. Não conhecemos ninguém do Olodum e ficamos surpresos. Temos uma banda que faz batuque, mas todos os seus integrantes se apresentam vestidos com a camisa da LR Turismo e não tocaram pela manhã, somente à tarde”, defende-se a operadora. Embora acuse a LR, Ricardo não descarta a possibilidade de envolvimento do órgão estadual: “Vamos investigar e exigir uma reparação”.



A assessoria da Bahiatursa informou que “contratou a empresa Bispo Produções e Eventos para realizar o receptivo dos navios no Porto de Salvador” e diz que “as apresentações são de inteira responsabilidade da referida empresa”. No entanto, a Bahiatursa ressaltou que “está adotando as medidas internas administrativas cabíveis”.



O proprietário da Bispo Produções e Eventos, Antônio Bispo dos Santos, esclareceu que não houve tentativa de plágio ao Olodum. “Contratamos uma banda chamada Swing do Abaeté para fazer o serviço e os próprios clientes do navio pediram aos integrantes da banda para vestir camisas do Olodum, que eles haviam comprado no Pelourinho, com o objetivo de tirar fotografias”, afirmou Antônio.



A diretoria do Olodum vai entrar com uma ação judicial. “Tentamos registrar a ocorrência, mas a Polícia Civil está em greve. Usaremos a reportagem da TVE como prova”, garante Jorge Ricardo. Há oito anos, a Polícia Federal prendeu integrantes de um grupo musical de São Paulo que também se fazia passar pelo Olodum.



*Colaborou João Eça


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