Bruno Wendel
Vinte e três pessoas ficaram feridas, a maioria delas crianças, no capotamento da Kombi de placa JPS-4265, que transportava alunos para quatro escolas na região de Cajazeiras. Com capacidade para 12 passageiros, o veículo ficou descontrolado e caiu numa vala, no início da tarde de ontem, no bairro de Fazendo Grande IV. Os feridos foram levados para quatro unidades médicas da capital. As vítimas com quadros considerados mais graves foram encaminhadas ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde, até à noite de ontem, apenas sete crianças ainda permaneciam internadas.
Segundo populares, o acidente aconteceu por volta das 13h, quando a Kombi, que levava crianças da Fundação Bradesco, e das Escola Sol Nascente, Monteiro Lobato e Maria Marta, perdeu o controle ao entrar numa curva na Avenida Assis Valente, na Fazenda Grande IV. O veículo capotou e caiu uma vala. Diante da aflição das crianças, populares resolveram iniciar o resgate às vítimas. Um a um, meninos e meninas, com idades entre 2 e 11 anos, foram colocados no passeio. Alguns deles foram levados imediatamente a unidades médicas por motoristas que passavam nas imediações.
Pouco depois, quatro equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) chegaram ao local e prestaram atendimento médico aos feridos. Como a maioria deles reside em Cajazeiras, a notícia do acidente chegou aos familiares e, logo, pais das crianças entraram em desespero ao ver os filhos feridos. Outros tomaram conhecimento quando as crianças já estavam hospitalizadas.
Sete feridos foram levados ao Hospital Eládio Lasserie, em Cajazeiras II, mas apenas um menino de 11 anos permaneceu sob observação. Já uma mulher, que vinha no banco do carona do veículo, foi encaminhada ao Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula. Os demais foram levados ao posto de saúde de Cajazeiras VIII, onde, posteriormente, devido ao estado de saúde, nove foram encaminhados ao HGE.
Depoimento - Pouco depois de ter sido liberado do Eládio Lasserie, o motorista da Kombi, Luís de Queiroz de Santana, 34, que sofreu lesões na cabeça e costas, foi conduzido por policiais à 13ª Delegacia (Cajazeiras XI), onde prestou depoimento à delegada plantonista Maria da Conceição Macedo Fernandes. Ele alegou que, ao tentar reduzir a velocidade na curva, o freio não respondeu ao seu comando. Ele disse ainda desconhecer o motivo da falha mecânica, já que o veículo passou por uma vistoria há cerca de uma semana na Superintendência de Transporte Público (STP).
Segundo a delegada, o motorista responderá pelo acidente em inquérito regular. Ele será submetido a exame de alcoolemia, já que, na ocasião do acidente, não foi possível ser feito o teste do bafômetro. Santana também se esquivou de comentar os motivos que levaram a ter 23 pessoas no veículo, quase o dobro da capacidade máxima da Kombi.
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Garota detalha acidente
Os relatos da pequena Beatriz Rodrigues, 6 anos, uma das crianças transportadas na Kombi, emocionaram a mãe, Naiana Rodrigues dos Santos, 26. “Graças a Deus que o pior não aconteceu”, suspirou, com os olhos marejados. “Ela nasceu de novo”, completou, após abraçar a menina, que, em conseqüência do acidente, sofreu um ferimento no rosto.
Ainda assustada com o que aconteceu, a garotinha, que sonha um dia ser médica, disse que o acidente foi muito rápido. “Eu conversava com meus coleguinhas e depois tudo começou a rodar. Quando olhei para o lado, todo o mundo estava chorando”, relatou a menina. Durante a entrevista, ela não parava de perguntar à mãe sobre o estado de saúde dos colegas da Fundação Bradesco, onde estuda.
Beatriz foi uma das crianças socorridas por uma das equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência ao posto de saúde de Cajazeiras VIII. Ela recebeu alta ontem à tarde.
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Relato de solidariedade
“Não pensei duas vezes. Na hora, só lembrei dos meus três filhos e fui”, disse a dona de casa Olga Vitório dos Santos, 48 anos, moradora de Fazenda Grande IV, que, ao presenciar a aflição das crianças, juntou-se ao marido, Sérgio Rodrigo Luís Chagas Filho, 32, e os dois começaram a retirar as crianças da Kombi junto com outras pessoas. “Foi horrível demais ver aqueles meninos e meninas chorando e ensangüentados”, afligiu-se.
Olga contou que estava dentro de casa quando ouviu um estrondo, seguido dos gritos de socorro das crianças. Ao sair, deparou-se com a cena que a deixou chocada: meninos e meninas em prantos, com ferimentos expostos, dentro do veículo tombado de lado numa vala. “Na condição de mãe, não podia ficar parada vendo aquilo tudo”, explicou.
A dona de casa, o marido e alguns vizinhos retiraram da Kombi as crianças que mais precisavam de ajuda. “Entre os feridos que ajudei no salvamento, estava uma menina desacordada com ferimento na cabeça”, emocionou-se Olga.
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