domingo, 13 de julho de 2008

84 milhões de cartas estão atrasadas no país

Por Noemi Flores

Funcionários dos Correios e Telegráfos baianos, que já entram no 12o dia de greve de caráter nacional, decidiram continuar o movimento durante assembléia geral realizada ontem na Praça da Inglaterra. Com isso, 84 milhões de cartas e 36 mil encomendas estão com as entregas atrasadas. A categoria não aceita a proposta do ministro Rider Nogueira de Brito, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), intermediador das duas partes: a direção da empresa e a federação dos trabalhadores. Neste acordo, feito entre o presidente da ECT, Carlos Henrique Custódio, e com o presidente da Fentect, Manuel Cantoara, a proposta é que a ECT suspenda a aplicação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) de 2008, aos carteiros que prestam serviços externos, prevalecendo todas as condições anteriores.
Desta forma os carteiros deixariam de receber o valor linear de 260 reais, que foi estabelecido pelo novo plano, e voltariam a receber, em julho e agosto de 2008, os 30% de abono, como acontecia antes. Já as cláusulas seguintes abordam os compromissos que as duas partes devem assumir para voltar a discutir o plano de cargos, com a intermediação do presidente do TST. E ficou marcada para a próxima terça-feira uma audiência de conciliação às 9 horas no Supremo Tribunal do Trabalho, em Brasília.
Mas os servidores baianos não acataram estas propostas e de acordo com o secretário de anistia do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos da Bahia (Sincotelba), Esdras Furtado Moreira, “a empresa continua na mesma, não quer ceder às reivindicações que solicitamos”, enfatizou.
O sindicalista destaca que a classe não abre mão de três itens fundamentais das reivindicações. O primeiro está relacionado com a condicional de risco que a empresa retirou dos funcionários, principalmente os carteiros que sofrem toda a espécie de perigo durante suas atividades, ou seja sujeitos em bairros perigosos, ou enfrentando animais ferozes.
O segundo item, fundamental para a categoria, é o Plano de Cargos e Salários que, segundo Moreira,?=s?? “este plano ficou para ser decidido no mês de maio e já estamos em julho e nada”. E o terceiro é a participação de lucros “o resultado houve contradição porque uns receberam muito mais que os outros, com muita diferença. Por exemplo, teve gente que recebeu R$40 mil e outros R$ 80. Não se sabe se foi erro de computação ou benefícios. A empresa tem que explicar isto e corrigir estes três pontos fundamentais para nós”, assinalou.
Segundo o secretário, a categoria vem sofrendo todo tipo de retaliação para não continuar na luta por seus direitos, inclusive “a empresa suspendeu o cartão de transporte e o tickt refeição para que não possamos participar das assembléias”, lamentou.
Esdras Moreira admite que há agências que estão operando, no entanto salienta que a distribuição das correspondências não está sendo feita, pois 90% dos funcionários não estão trabalhando.
"Não é uma greve que a categoria quer prejudicar a população, mas queremos os nossos direitos”, afirmou.
Enquanto isto, várias pessoas se queixam dos problemas enfrentados com a greve, principalmente com contas que devem chegar via Correios.
“Estou apavorada até agora não recebi nenhuma conta dos meus cartões de crédito. O Procon diz que não podem cobrar juros, quero só ver”, desabafou a professora Marlene Dutra, 35 anos.
Quem está preocupada com a situação é a jornalista Cristina D’Anjos, pois tem que enviar até 15 de julho trabalhos jornalísticos para um concurso da Caixa Econômica. “Concordo que todos têm que reivindicar os seus direitos, mas tem que haver uma solução para casos extremos, em que haja prazos inadiáveis”, lamentou, e explicou que este prazo já é uma prorrogação do primeiro.

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