domingo, 8 de junho de 2008

Ida da Braskem para Triunfo é vista como perda para a Bahia

TRIBUNA DA BAHIA
Notícias
Após a Braskem anunciar a ida da empresa de polímeros verdes para o Pólo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, representantes do segmento produtivo e estratégico da Bahia se posicionaram sobre o fato. O presidente do Instituto Miguel Calmon, Adary Oliveira, acredita que o Pólo Industrial de Camaçari deixará de se fortalecer. “Ele já tem mais de 30 anos e a vinda de novos investimentos é algo importante para não desatualizá-lo. Lamento esta decisão da Braskem logo após o governo baiano ter anunciado o Acelera Bahia, que reduziu de 17% para 11,75% o ICMS de insumos.
A Braskem foi a maior beneficiada, mas não houve reciprocidade no tratamento dispensado aos baianos”, critica. Oliveira alega que a Bahia, com essa decisão, deixa de ser prioridade para a Braskem. “No instante em que ela montou um Centro de Pesquisa no Rio Grande do Sul ela mostrou sua posição em relação à Bahia. Enquanto a Ford monta um Centro Tecnológico em nosso Estado e a Petrobras trará a diretoria financeira para cá, a Braskem toma uma iniciativa oposta”, lamenta.
O secretário do Planejamento da Bahia, Ronald Lobato, considerou normal a decisão da Braskem, entretanto questionado sobre uma possível desatenção por parte da empresa ao governo baiano após ser favorecida com as medidas do Acelera Bahia, ele respondeu. “Não vejo como desatenção. O governo mostrou boa vontade. Acho que houve falta de visão estratégica por parte da Braskem. A Bahia, mais cedo ou mais tarde, receberá investimentos deste porte já que temos um programa ambicioso de logística”, diz.
Questionado sobre a decisão da Braskem ter sido tomada a partir de um descontentamento com a forma dos pagamentos dos créditos retidos de ICMS, Lobato disse acreditar que “uma empresa do porte da Braskem não deve tomar decisões como esta pautadas em cima de descontentamentos. Seria bom para nosso Estado receber um empreendimento como este. Criamos condição tributária, insumos, infra-estrutura e logística para receber novos investimentos e manter os já existentes. Estamos providenciando tudo. Alguém do setor empresarial irá perceber essa vantagem e aproveitar”, frisa.
Procurada pela equipe de reportagem da Tribuna da Bahia, a assessoria da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, disse que a entidade não tinha nada a declarar e que acreditava ser uma decisão restrita à própria empresa. O ex-secretário de Planejamento, Armando Avena, acha que a decisão se deu em razão da unidade do Rio Grande do Sul estar mais próxima de São Paulo, fornecedor de matéria-prima e do mercado consumidor – os estados do Sul e Sudeste. O deputado estadual pelo DEM e presidente da Comissão de Infra-estrutura, Júnior Magalhães, disse que vai se reportar pessoalmente à Braskem.
“Quero saber deles o motivo da escolha pelo Rio Grande do Sul. Vou querer saber os critérios. A indústria petroquímica da Bahia representa 36% do PIB baiano”, avisa. O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Jorge Lins Freire, disse em nota que “Ficaríamos felizes se a planta de polímeros verdes da Braskem viesse para nosso Estado, mas essa é uma decisão de política interna da empresa, sobre a qual não emitimos opinião, inclusive por desconhecermos os parâmetros que a levaram a tomar essa decisão”, enfatizou.(Por Alessandra Nascimento)

Empresa diz que decisão foi técnica


Humberto Garrido, relações institucionais da Braskem, afirmou que a decisão da ida da fábrica de polímeros verdes para o Rio Grande do Sul foi técnica, baseada em critérios de viabilidade e não motivada por um descontentamento com a proposta do governo de pagamento dos créditos de ICMS.
“Temos em Triunfo um Centro de Tecnologia e Inovação e se optássemos pela Bahia a distância com o Centro seria um entrave. Além da logística, cito a proximidade com os estados do Sul e Sudeste e do próprio Mercosul, como clientes. O investimento foi de R$ 400 milhões”, diz.
Sobre um possível descontentamento, já que em entrevistas à imprensa, a própria empresa teria criticado a proposta de pagamento do ICMS retido, que está hoje na faixa dos R$ 500 milhões, Garrido rebateu.
“Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas o acordo poderia ter sido melhor para a Braskem. A decisão de levar a unidade industrial para o Sul não está associada a isto”, declarou. Garrido disse ainda que a decisão da Braskem, foi tomada após a empresa ter sido uma das mais beneficiadas com a redução da alíquota de ICMS de 17% para 11,75% em insumos, como resultado do Acelera Bahia, e isto não representa “má vontade” com a Bahia.
“A redução da alíquota do imposto não tem ligação com nossa decisão. Ela foi tomada com base em critérios técnicos e logísticos”.(Por Alessandra Nascimento)

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