segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

POBRE E ALEGRE BAHIA


POBRE E ALEGRE BAHIA

Os ingressos do primeiro ensaio da Timbalada, R$ 70,00 a pista, se esgotaram em 06 horas! Tudo certo, pois eles são bons, mas que legal se tivéssemos este mesmo ímpeto, esta mesma voracidade, para consumir cultura, arte e educação.

Infelizmente não é isso que acontece nesta terra da alegria fabricada. Na ditadura musical que vivemos, numa cidade mal educada, onde as pessoas abrem os porta-malas onde querem e circulam com seus "carros elétricos", nos obrigando a ouvir o estilo musical, de gosto duvidoso, que é deles, entramos na ilusão da diversão alienante e artificial, que as vezes acaba dando vazio no final, nos obrigando muitas vezes a entrar num circulo vicioso de ter de ir a festa, e depois outra festa e mais outra. Isso sem falar na exploração dos preços, pelos vendedores de ilusão, deste circo da fantasia. No Reveillon vimos isso, festas com preço europeu e serviço tupininquim. As lavagens são um banho de lucro e as feijoadas tem preço de caviar.
 
Comprovamos isso também, ao constatar que enquanto um pagodão da pesada, chega a atrair 50.000 pessoas, em uma palestra, quando comparecem 100 pessoas, já se considera uma multidão, ou seja, tudo que eleva nivel de consciência tem pouca gente interessada e tudo que abaixa nível de consciencia lota. "Oh! vida de gado, povo marcado, povo feliz"

Registro ainda que acho que a questão central não é deixar de ir a um para ir no outro, mas estar aberto a todas as possibilidades que a vida oferece.
Então, esteja antenado a tudo que puder, vá na festa, mas também busque o aprendizado e o crescimento intelectual, se qualifique sempre (estamos na era da educação continuada) e prestigie a cultura e a arte. Visite museus, livrarias, vernissages, faça que seus filhos entendam que existe vida além do axé e do carnaval desta pobre e alegre Bahia, com seu apartheid camarada, onde poucos ganham muito, privilegiados assistem nababescamente, de seus suntuosos camarotes e o povão, bobo da corte,  serve de alegoria, espremido na "faixa de gaza", chamada de pipoca.
 
Como diria uma velha canção "Quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão". Não podemos esquecer ainda que vivemos a era do carnaval da mesmice, com suas atrações e formato de sempre. "Tudo como antes no quartel de abrantes".

 
Outro cuidado importante é que no meio de tanto ócio, não devemos esquecer do nosso negócio, que nos dá o pão de cada dia e da  nossa espiritualidade. Religião cada um escolhe a sua, mas é importante termos um templo para estabelecer nossa conexão com o divino. Desenvolver de forma equilibrada o "Monge" e o "Executivo" que existe em nós. Tempo de conectar o racional e tempo de conectar o sonho. Hora de pagar contas e trabalhar e hora de ver o pôr do sol e se apaixonar na vida e pela vida. Plural e singular.

Então, neste ano, faça diferente e não deixe por menos. Você pode e deve viver por inteiro e se apropriar de toda a diversidade.
 
Diversão, oração, vocação e educação. Vida múltipla pra você!

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