terça-feira, 9 de junho de 2009

Ex-deputado diz não se lembrar de "nada" sobre o acidente que deixou 2 mortos no PR

da Folha Online

O ex-deputado Fernando Carli Filho (PSB-PR) afirmou, em depoimento à polícia nesta terça-feira, não se lembrar de nada que ocorreu no dia do acidente que causou duas mortes em Curitiba (PR), informou a Sesp (Secretaria de Estado de Segurança do Paraná). Ainda segundo a Sesp, Carli Filho foi indiciado por homicídio com dolo eventual, ou seja, quando o autor sabe do risco e assume esse risco.

"Ele garante não se lembrar de nada do dia do acidente. Diz que a última coisa que se recorda é ter visitado o pai, mas não sabe dizer nem se foi naquele dia. Depois, relata só se lembrar de ter acordado num quarto branco, onde informaram a ele estar em uma UTI", afirmou o delegado da Delegacia de Delitos de Trânsito, Armando Braga.

Carli Filho é indiciado por homicídio após acidente que deixou dois mortos no Paraná

O acidente ocorreu na madrugada do dia 7 de maio, quando o carro guiado pelo ex-deputado, um Volkswagen Passat, colidiu com um Honda Fit ocupado pelos jovens no bairro Mossunguê, em Curitiba. Gilmar Rafael Souza Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20, morreram na hora.

Segundo exame realizado pelo IML (Instituto Médico Legal) do Paraná, Carli dirigia com dosagem alcoólica acima do estabelecido. Havia no sangue do deputado 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue, enquanto o limite permitido é de 2 decigramas.

Porém, à polícia ele teria dito não se recordar de ter consumido bebidas alcoólicas na noite do acidente, nem da velocidade em que dirigia.

"A perda da memória, segundo os médicos, é decorrente do acidente e da forte lesão na cabeça. Mas ele garantiu que assim que melhorar seu estado poderá prestar outras informações à polícia", disse o delegado.

Na ocasião, o deputado estava com a carteira de habilitação suspensa porque excedia o total de pontos permitidos --totalizava 130 pontos, enquanto o máximo permitido é de 20. De acordo com informações do Detran, o deputado possuía 30 multas, desde 2003. Destas, 23 eram por exceder limites de velocidade. Carli Filho recorreu de 12 das 30 multas.

De acordo com a polícia, o ex-deputado disse ainda que não havia sido notificado sobre a suspensão de sua carteira de habilitação. "Ele garantiu, ainda, que apresentou recursos, mas que não foi formalmente notificado para que entregasse sua carteira de habilitação", disse o delegado.

No último sábado (6), o deputado deixou o hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Em seu período internado, Carli Filho passou por uma cirurgia de para correção de fraturas na face e crânio que, segundo sua assessoria, durou cerca de 14 horas.

Ele renunciou ao mandato de deputado estadual no final de maio, após a família de um dos jovens protocolar um pedido de cassação. À época da renúncia, Carli Filho afirmou que aguardará o processo e julgamento "sem prerrogativas funcionais ou privilégios de qualquer ordem para receber, como cidadão comum, a sentença que as circunstâncias do fato e a sensibilidade da Justiça determinarem", em ofício.

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