quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Servidores administrativos da Ufba paralisam atividades por 48 horas

Paula Pitta, do A TARDE On Line

Os servidores administrativos da Universidade Federal da Bahia (Ufba) paralisaram as atividades por 48 horas, a partir desta quarta-feira, 5. A manifestação é uma forma de pressionar o Governo Federal por conta do não cumprimento de um acordo de 2007. Os funcionários querem que o governo reveja o veto ao step constante (sistema de promoção linear dos servidores) e não aprove a criação da Fundação Estatal do Direito Privado.
“É um estado de alerta, estamos dizendo que se o governo não cumprir o acordo, vamos entrar em greve”, ameaça Cássia Maciel, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da Ufba e UFRB (Assufba).
A categoria teme que o Governo Federal volte atrás sobre o acordo que previa reajuste da tabela de pagamento em 2008, 2009 e 2010. “Até agora não há uma posição oficial, mas já houve comentário de que seria suspenso, por isso nosso temor”, acrescenta Cássia.
O vice-reitor da Ufba, Francisco Mesquita afirma que, até o momento, a instituição não foi informada de que o acordo não será cumprido. “Não chegou nenhuma posição sobre isso, mas o sindicato está fazendo o seu papel de pressionar e garantir o que foi acordado”, diz.
Promoção - Sobre o reajuste da tabela, o governo vem cumprindo o acertado, enquanto sobre o step constante houve um retrocesso. “Sempre recebemos um percentual de aumento quando mudávamos de categoria. Agora, o governo vetou o step constante, o que não aceitamos”, critica Antônio Bonfim, diretor da Assufba.
O percentual de reajuste do step é de 3,6%, com previsão de ser pago em janeiro de 2009. “Se não acontecer, será um ataque ao plano de carreira do servidor. Sem esse reajuste fixo para todos os trabalhadores, o governo teria a liberdade de promover alguns funcionários e outros não. Com o step, isso é linear para toda a categoria”, detalha Cássia.
Privatização - A última reclamação dos servidores é sobre a criação da Fundação Estatal de Direito Privado, que é avaliada na Câmara de Deputados. “Essa fundação seria o mesmo que privatizar a universidade, implantando o Estado mínimo no Brasil. O Governo se livraria de administrar algumas áreas, alegando agilidade para o setor”, diz Cássia.
De acordo com ela, com essa mudança, os hospitais universitários deixariam de ser geridos pelas universidades e virariam fundações autônomas. “As fundações não entrariam no orçamento das universidades ou da União. Teriam que sobreviver vendendo serviço para o SUS ou para o setor privado, o que significa redução no atendimento a população carente. Nosso questionamento é como vão conseguir manter a fundação sem recurso, com pesquisa e atendendo pelo SUS”, questiona.
Com intuito de alertar a população para a possível redução e precarização do atendimento nos hospitais universitários, a categoria fará um ato público, nesta quinta-feira, 6, às 7 horas, em frente ao Hospital das Clínicas. Na ocasião, eles vão distribuir tarjas pretas para os funcionários da unidade.
Serviços - O Hospital das Clínicas e Maternidade Climério de Oliveira mantêm atendimento apesar da paralisação. “Nossa orientação é que quem trabalha na assistência a população não paralise as atividades, mas trabalhe com a tarja preta de protesto”, diz Cássia.
O sindicato não tem balanço de adesão da categoria, nem quais serviços estão prejudicados com o movimento, mas acredita no comprometimento do atendimento nas secretarias, bibliotecas e laboratórios da Ufba e UFRB.
“O funcionamento foi prejudicado, mas as aulas estão mantidas, até porque, é uma paralisação de advertência de dois dias”, diz Mesquita, informando que, até agora, não recebeu reclamação sobre problemas nos setores administrativos da instituição.
Na Bahia, existem cerca de sete mil servidores federais na Ufba e UFRB, de acordo com o sindicato. Destes, cerca de 1.900 trabalham nas unidades de saúde. Em todo Brasil, são 156 mil servidores. A paralisação é nacional e deve afetar outras universidades federais.

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