terça-feira, 25 de novembro de 2008

Faltam médicos em 10 cidades da Bahia

Eder Luis Santana, do A TARDE On Line

Em dez cidades da Bahia não existe nenhum médico em posto de trabalho permanente. A carência de profissionais atinge todas as especialidades da saúde, inclusive no atendimento básico à população. As informações são do relatório Avaliação Nacional de Demanda de Médicos Especialistas, feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Nas cidades de Almadina, Lajedinho, Maiquinique, Mascote, Milagres, Muniz Ferreira, Muquém de São Francisco, Novo Horizonte, São José da Vitória e São José do Jacuípe, cerca de 94.429 cidadãos, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão prejudicados pela falta de médicos. Em todo país, foram mapeadas 455 localidades nessa mesma situação.

Como metodologia, levou-se em conta os dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde (MS). O CNES é uma lista obrigatória que deve ser enviada ao MS por todos os estabelecimentos que oferecem serviços de saúde. De acordo com o responsável pelo estudo, o coordenador da Estação de Pesquisas de Sinais de Mercado da UFMG, Sábado Nicolau Girardi, a base do trabalho são os registros do CNES de outubro deste ano.

DÉFICIT – Nas cidades do Nordeste, 42% dos gestores declararam que enfrentam muita dificuldade para contratar pediatras e anestesistas. Outros 33% lamentam que há escassez de psiquiatras e 16% não consegue contratar para o setor de medicina intensiva.

A próxima etapa da pesquisa pretende checar com os prefeitos como é feita a gestão da saúde nesses locais. “Queremos fazer um mapa que associe a falta de médicos com outros fatores sociais, como os índices de mortalidade infantil e de baixo desenvolvimento humano“, comenta Girardi.

Segundo números do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), existem 18 mil médicos no Estado. Isso representa um profissional para cada grupo de 800 habitantes, o que está dentro da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que exige um médico para grupos de 800 a mil habitantes.

No entanto, existe uma má distribuição desses trabalhadores e, enquanto a maioria se concentra na capital, falta mão-de-obra para atender no interior. Para o presidente do Sindimed, José Caires Meira, a solução passa pela valorização dos médicos. Isso inclui a elaboração de concursos públicos e planos de carreira para incentivar a permanência deles nas cidades pequenas.

Hoje, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) propõe que seja fixado o salário inicial de R$ 7.503,18 para os médicos com atuação de 20 horas semanais. Porém, as prefeituras do interior têm aderido ao pagamento de R$ 6 a 8 mil pelo dobro de tempo trabalhado (40 horas). “E na maioria das vezes são assinados contratos irregulares ou são acertos informais, sem nenhuma garantia trabalhista“, completa o presidente do Sindmed.

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretária Estadual de Saúde (Sesab), o secretário Jorge Solla não podia dar entrevista nesta tarde para comentar o relatório da UFMG. Ainda segundo a assessoria, o secretário também não poderá dar entrevista nesta quarta-feira, dia 26, pois está de viagem marcada para Brasília.

Veja a relação de municípios e a população estimada pelo IBGE:

Almadina - 6.742
Lajedinho - 4.461
Maiquinique - 8.713
Mascote - 16.557
Milagres - 12.100
Muniz Ferreira - 7.214
Muquém de São Francisco - 10.547
Novo Horizonte - 10.860
São José da Vitória - 6.270
São José do Jacuípe - 10.965


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