quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

João Henrique diz que não quer repetir erros

Patrícia França e Thaís Rocha, do A TARDE

Depois de enfrentar, nas últimas semanas do seu primeiro governo, a pressão do empresariado na polêmica votação da minirreforma tributária, que aumentaria o IPTU em 150%, o prefeito de Salvador João Henrique Carneiro (PMDB) assume, hoje, o seu segundo mandato com uma ampla base na Câmara Municipal – 28 dos 41 vereadores. Agora, imprime à sua administração um novo modelo, focado na gestão pública e com secretariado de perfil técnico para evitar as trocas de comando da gestão anterior. Entre as mudanças, a intenção de reduzir custos e a presença do DEM no governo.

A nova equipe é mais enxuta. O prefeito extinguiu algumas secretarias, fundiu outras e reduziu o primeiro escalão de 17 para 11 auxiliares, além de cortar 80 cargos comissionados. Diz querer dar maior eficiência à máquina púbica com menor custo. Durante os quatro anos do primeiro mandato, ele sempre destacou a dificuldade de administrar uma cidade com baixa arrecadação fiscal. Apesar de abrigar a terceira maior população do país, Salvador é a 26ª em arrecadação quando comparada à relação imposto pago por habitante.

Segundo ele, a capacidade de investimento da prefeitura gira em torno de 2% do seu orçamento, estimado para 2009 em R$ 3 bilhões. "Quase tudo o que Salvador arrecada é utilizado para a manutenção da máquina e ainda pagamos aproximadamente R$ 15 milhões por mês em financiamentos e empréstimos feitos ao longo dos últimos 20 anos", afirma. A reforma administrativa é um dos primeiros passos para reduzir custos. “Aprendemos com os erros”, declarou João Henrique a jornalistas, na coletiva em que apresentou o novo projeto. Era uma referência ao seu primeiro mandato, quando precisou abrigar no governo os 15 partidos da aliança que garantiu a sua vitória em 2004, marcando a derrota do grupo carlista depois de oito anos dominando a prefeitura.

Os sinais de que haveria mudanças foram dados pelo prefeito na eleição. Reeleito, João contratou o Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), presidido pelo consultor mineiro Vicente Falconi, para formatar a reforma administrativa. Falconi é uma espécie de guru dos donos de algumas das maiores empresas do País (Jorge Gerdau, Carlos Alberto Sucupira, da Ambev, a baiana Odebrecht, entre outros). Ajudou o governador Aécio Neves (PSDB), em Minas Gerais, a zerar em dois anos de mandato um déficit de R$ 2,4 bilhões no orçamento estadual. Na Bahia, o INDG está com uma equipe prestando serviços ao governo de Jaques Wagner (PT).

O choque de gestão que o prefeito pretende imprimir no seu governo tem explicação. Reeleito com 53% dos votos válidos, graças ao apoio dado pelo DEM, do ex-governador Paulo Souto e do deputado federal ACM Neto (derrotado no primeiro turno), João Henrique sabe que terá, como grande desafio neste segundo mandato, mostrar capacidade de tirar do papel as promessas de campanha. Isso explica a ausência, quase absoluta, de quadros políticos no primeiro escalão. Bem diferente do seu primeiro governo, cujos cargos foram divididos entre vários aliados. "A gente tem que fazer uma gestão de excelência. Sem partidos políticos boicotando minha administração". Na verdade, o que João quer evitar, agora, é cometer os erros da primeira gestão que acaba com as obras do metrô sob a mira do Tribunal de Contas da União (TCU) e sem resolver a pendenga judicial que paralisou o projeto de requalificação das barracas de praias.

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