quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Candidatos à prefeitura de Salvador apostam na segurança

Patrícia França, Lília de Souza, Regina Bochicchio e Rita Conrado, do A Tarde

O candidato a prefeito do DEM, deputado ACM Neto, que já propôs a instalação de câmeras “Big Brothers” para monitorar a violência nos bairros e a criação da Secretaria de Prevenção da Violência, informou, nesta terça-feira, 5, que, caso seja eleito, vai baixar um decreto dando ao município a prerrogativa de desapropriar imóveis usados pelos traficantes de drogas. A idéia é transformar estes bens em utilidade pública e destiná-los à construção de creches, escolas ou centro de recuperação de dependentes químicos.
“Salvador entrou na rota do tráfico de drogas e é preciso adotar medidas que possam coibir esta prática”, explica o candidato, para quem a reclusão penal já não se mostra suficiente para enfrentar o crime organizado. Neto diz que a medida não atinge apenas o traficante, mas àqueles que cedem seus imóveis, em troca de favores ou elevado aluguel, para servir ao comércio ilegal de drogas. A desapropriação desses imóveis, segundo ele, se dará com base em preços simbólicos, sem prejuízos ao município.
Assunto que vem sendo debatido exaustivamente na coordenação de campanha de ACM Neto, a segurança pública será tema da palestra que o sociólogo colombiano Hugo Acero, que é consultor da ONU, fará nesta quarta-feira, 6, às 18 horas, no Hotel Fiesta. Acero falará para candidatos a prefeito e a vereador do Democratas sobre "Ações municipais para segurança pública".
CÂMERA – O prefeito João Henrique (PMDB), que tenta a reeleição, também anuncia proposta semelhante ao Big Brother. “Estamos iniciando a implantação de câmeras de vigilância que serão instaladas, ainda este ano, em pontos estratégicos de vários bairros”, afirmou o peemedebista. João Henrique  destacou outras ações da sua gestão no setor. “A Prefeitura de Salvador não tem se omitido e vem dando sua contribuição para reduzir os índices de violência em Salvador. Como ações concretas, podemos citar a obrigatoriedade de instalação de câmeras de segurança nos ônibus. Setenta por cento da frota, já circulam com o dispositivo”, enfatizou o prefeito.
Entre outras iniciativas, o prefeito frisou a criação da Guarda Municipal, cujo efetivo já está em treinamento, e a execução do programa Banho de Luz, que, na sua avaliação, tem ajudado a inibir as ocorrências de assaltos. João Henrique promete que, além dos dois mil integrantes da Guarda Municipal já selecionados, a corporação terá seu efetivo aumentado com a abertura de concurso para preenchimento de mais mil vagas.
INTELIGÊNCIA – O candidato do PT a prefeito de Salvador, Walter Pinheiro, disse que pretende criar uma Central de Operações da Prefeitura que atue em conjunto com os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar. “Com uma mesma rede de telecomunicações, colocaremos a Guarda Municipal em interação com as polícias, e investiremos em inteligência policial através da disponibilização pelas empresas de telecomunicações de linhas e serviços de ponta, possibilitando ferramentas de alta tecnologia para a Guarda Municipal”, explicou Pinheiro.
Além disso, propõe a criação de um centro tecnológico, na perspectiva de apostar em outras ferramentas para combater a criminalidade. Nesta mesma frente, o candidato do PT pretende criar, nas escolas municipais, programas de cultura, lazer, entre outras ações, que aproximem a comunidade local das escolas. “Vamos investir em policiamento ostensivo e reorganizar o espaço urbano para superar a dificuldade de acesso da polícia a vários lugares”, complementou.
O candidato a prefeito de Salvador pelo PSOL, Hilton Coelho, acredita que é preciso tratar a segurança pública com um plano emergencial, que seria pensado a partir de conversas com quem vive nos bairros mais violentos da capital. Hilton defende que os recursos para a segurança pública deverão vir do Estado, cabendo à prefeitura a tarefa de garantir iluminação pública, organizar os espaços físicos, investir em educação e áreas de lazer para as pessoas. “Não estamos falando da questão da violência, e sim da segurança pública. Entra aí a questão da educação, habitação e políticas de emprego e renda. Isso tem de estar no Plano de Governo – o PSOL apresentará o seu na semana que vem –, senão é política imediatista”.
Para  Antônio Imbassahy (PSDB) é preciso haver convergência nas ações federais, do Estado e município, com cada esfera entrando com as atribuições constitucionalmente previstas. “O aparelho repressor – força militar, com viaturas e inteligência –, é importante, mas tão importante quanto isso são as ações de inclusão social, como dotar os bairros de escola, espaços de lazer e postos de saúde”. O ex-prefeito alerta que, quando o Estado não tem o controle sobre os espaços públicos, cria-se um ambiente propício à criminalidade.

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