RJ: Após habeas corpus, líder dos bombeiros grevistas continua preso no Rio
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Segundo a assessoria do plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), um novo habeas corpus lhe foi negado pelo desembargador Fernando Cerqueira Chagas. “Não cabe ao juízo plantonista rever decisão já proferida em caso judicializado perante a 1° Câmara Criminal. Sendo assim, indefiro a concessão da liminar”, declarou o desembargador em sua resolução.
O cabo é o último líder grevista que ainda não foi solto. Policias militares e bombeiros começaram a ser liberados na noite de sábado (18), depois que o desembargador Adolpho Andrade, também do plantão judiciário, concedeu habeas corpus para os participantes do movimento. A princípio foi divulgado que apenas um erro de digitação impedia a liberdade do cabo no domingo (19).
Segundo a Associação SOS Bombeiros, principal entidade que lidera o movimento grevista, um novo habeas corpus deve ser impetrado na Justiça do Rio amanhã. Além disso, um pedido de habeas corpus requerido pelo deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deve avaliá-lo nesta semana.
Daciolo está preso desde a noite do dia 8, quando voltava de Salvador depois de participar de negociações em torno da paralisação dos policiais militares baianos. O cabo foi preso administrativamente por incitação a greve, mas depois também teve prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio.
Desde o início das prisões, alguns militares chegaram a ser transferidos para o presídio de segurança de Bangu 1. O TJ, no entanto, concedeu a transferência deles novamente para para as unidades prisionais militares. Na passagem por Bangu 1, Daciolo chegou a iniciar uma greve de fome.
O movimento de policiais e bombeiros grevistas do Rio reivindica melhores salários e a aprovação da PEC 300 – proposta de emenda a constituição que estabelece um piso nacional para os servidores da segurança pública. Depois de um assembleia que reuniu mais de 2.000 militares na Cinelândia, centro do Rio, no dia 9 deste mês, a greve chegou a ser inciada por bombeiros, policiais militares e policiais civis.
Com a prisão dos líderes grevistas e a baixa adesão ao movimento que se iniciava às vésperas do Carnaval, uma nova assembleia decidiu , na última segunda (13) pela suspensão da greve e a principal reivindicação passou a ser a liberdades dos militares presos.
Entenda a greve dos policiais no Rio de Janeiro
Os bombeiros, a Polícia Militar, a Polícia Civil e os agentes penitenciários do Rio de Janeiro entraram em greve na noite de 9 de fevereiro após uma assembleia coletiva no centro da capital fluminense.
No dia 11, porém, o diretor jurídico do Sindicato da Polícia Civil do Rio, Francisco Chao, anunciou que a categoria suspendeu sua participação no movimento. No dia 13, foi a vez de todos os policiais suspenderem a greve; a paralisação deve voltar a ser analisada depois do Carnaval.
A ordem do comando da greve para os PMs era que todos os policiais que atuassem no policiamento ostensivo, além de inativos e aposentados, iniciassem um período de reclusão em seus respectivos batalhões –se possível, na companhia de parentes.
As prisões de líderes e a abertura de processos administrativos, entretanto, esvaziaram o movimento.
As principais reivindicações unificadas das quatro forças da segurança pública do Rio são:piso salarial de R$ 3.500, auxílio-alimentação de R$ 350, e uma jornada de trabalho de 40 horas semanais ou pagamento de hora extra. Segundo os grevistas, apesar de, na teoria, eles trabalharem 40 horas como todo servidor público, a carga horária real vai de 48 a 60 horas por conta de folgas cassadas e determinações superiores.
O salário-base de policiais militares e bombeiros é de R$ 1.131,00, segundo o movimento grevista. Já os agentes da Polícia Civil contam com um piso salarial que gira em torno de R$ 1.530,07, de acordo com o Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis) –também sem gratificações.
Além da questão do reajuste salarial, a principal reivindicação dos policiais civis é a aplicação de um projeto de reenquadramento de cargos, classes e índices do quadro permanente da instituição
O que o governo oferece
Com a aprovação na Assembleia Legislativa do Rio do substitutivo ao projeto de lei 1.184/12, encaminhado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), as forças militares da segurança pública terão um reajuste escalonado de 39% (duas parcelas previstas para fevereiro de 2012 e fevereiro de 2013), e o piso salarial chegará a R$ 2.077 para PMs daqui a um ano –considerando o acréscimo do auxílio-moradia de R$ 551,36.
Já no âmbito da Polícia Civil, em fevereiro de 2013, o salário inicial de um inspetor deve girar em torno de R$ 3.359,86 (considerando as gratificações).
No caso do Corpo de Bombeiros, segundo o comandante da corporação, coronel Sérgio Simões, um soldado iniciante terá vencimentos na ordem de R$ 2.286, a considerar os R$ 450 de gratificação aprovados após a greve da categoria no ano passado (R$ 350 de ajuda de custo e R$ 100 de vale-transporte).
Adesão
Segundo o comando de greve, apenas 30% de cada efetivo manteria o trabalho. O Rio de Janeiro conta com cerca de 43 mil policiais militares, 12 mil policiais civis e 16 mil bombeiros.
Já o porta-voz da Polícia Militar do Rio, coronel Frederico Caldas, afirmou que a situação é "de normalidade", o patrulhamento não está reduzido e que houve "uma resposta muito imediata em relação às lideranças", que serão submetidas a conselhos disciplinares. O coronel diz ainda que há apoio de policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Polícia de Choque.
PM pode fazer greve?
Nos últimos meses, o Brasil assistiu a vários episódios de greves de policiais militares, que chegaram aos Estados de Bahia, Piauí, Rondônia, Maranhão e Ceará. Todos tiveram a paralisação decretada ilegal pela Justiça, mas prosseguiram mesmo após a decisão.
A Constituição de 1988 concedeu direito a greve a todos os trabalhadores brasileiros, mas, para os servidores públicos, ainda é necessária regulamentação por meio de uma lei específica, o que nunca ocorreu. Por conta disso, o STF (Supremo Tribunal Federal) usa a regulamentação do serviço privado para decidir sobre as paralisações.
Para especialistas consultados pelo UOL, o caso da paralisação dos policiais é ainda mais grave já que, além de serem servidores públicos, se trata de uma categoria treinada e com direito a uso de armas, e que a ausência põe a ordem pública em risco.
O STF, inclusive, já se pronunciou sobre o tema, afirmando em 2009 --em decisão sobre a greve dos policiais civis de São Paulo-- que servidores armados não têm direito à paralisação.
Como não têm direito à greve, os policiais realizam paralisações e estão se valendo do direito à anistia --benefício sancionado por lei federal em janeiro de 2010 para liberar de punição militares de 12 Estados e Distrito Federal. Vários foram os casos de anistia aos grevistas, como os bombeiros do Rio de Janeiro, que pararam as atividades e invadiram o quartel da corporação, em junho de 2011.
Piso nacional
Atualmente, não existe um piso salarial nacional para policiais militares, cabendo a cada Estado definir um valor. Há no Congresso, porém, uma Proposta de Emenda à Constituição que estabelece um piso para os salários de policiais civis, militares e bombeiros --a chamada PEC 300.
A proposta foi apresentada pelo deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) em novembro de 2008. O entendimento é que seria adotado o valor de R$ 3.500 para soldados e R$ 7.000 para oficiais.
A emenda foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em março de 2010. Para ser sancionada, ainda precisa ser aprovada em mais uma votação na Câmara e duas no Senado. Porém, não houve acordo para dar continuidade à votação, apesar da pressão constante imposta por policiais aos parlamentares.
Além da pressão dos governos estaduais (contrários à medida por temer aumento no Orçamento), a PEC 300 sofre dificuldades no Congresso por falta de apoio do governo federal, uma vez que eventuais reajustes exigiriam subsídios do governo federal até serem incorporados pelos governos estaduais.
FONTE: http://policialbr.com/profiles/blogs/rj-apos-habeas-corpus-lider-dos-bombeiros-grevistas-continua-pres?xg_source=msg_mes_network#ixzz1n7KSbEDf
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/legalcode
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