quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CARTA DE UM PROFESSOR AOS BAIANOS

O governador Wagner, de acordo com amostragem realizada por um instituto de pesquisas e divulgada em 27.07. foi considerado o 2º melhor governador do Brasil. Ainda segundo a pesquisa, Wagner obteve 43% de aprovação da população baiana, marcando 134 pontos numa escala de 0 a 200 que corresponde a uma nota 6,6.

Notem entretanto que a pesquisa aconteceu depois que governadores como Aécio Neves e José Serra deixaram seus mandatos para candidatarem-se a outros cargos públicos. Foi realizada também depois que Wagner gastou 109 milhões de reais em propaganda em 1 ano, enquanto destinou 26 milhões para a segurança, no mesmo período.

Independente destes fatos, por si só capazes de levar qualquer governador a ficar na cabeça dos cidadãos e de qualquer lista dos “melhores”, é estranho ver motivos de comemoração e alegria numa aprovação de menos da metade da população, com uma nota que pelos critérios do MEC leva à uma bateria de aulas intensivas de recuperação e a uma nova prova, para ver se consegue alcançar a nota 7,0 que é a mínima para aprovação.

Como professor do ensino médio em Salvador, estou acostumado a receber constantemente pais de alunos aborrecidos, revoltados, preocupados porque seus filhos tiraram notas abaixo de 7,0 e ansiosos em saber “o que está acontecendo com o menino?”.

Notas abaixo de 7,0 representam um rendimento fraco, um desempenho abaixo do necessário para ser aprovado. Se v. tem filhos em idade escolar, sabe muito bem qual é a sensação de abrir um boletim e encontrar lá notas 6,0 ou 6 vírgula alguma coisa. É decepcionante.

Esta é também a sensação que me domina e certamente deve dominar quem ama a Bahia e quer ver o seu desenvolvimento, quando recebemos a informação de que o governador do estado não alcança a nota mínima para “passar” de ano. Não importa em que lugar ele está entre os reprovados, pois nesta pesquisa que foi realizada, apenas o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, teve nota superior a 7,0 e foi aprovado.

A grande verdade é que temos um governador “abaixo” da média, aprovado por menos da metade da população e pior ainda: mesmo esta pontuação baixa só foi alcançada porque os melhores não estavam no páreo, ele se manteve na mídia durante anos seguidos e muito mais intensamente nos meses anteriores à pesquisa, quando sua propaganda inundou a Bahia.

Como professor do ensino médio, vivo a decepção de ver a Bahia em penúltimo lugar no Brasil em desempenho no ensino fundamental, com nota 3,1 e de apenas 24% dos jovens baianos concluírem o ensino médio. Vivo diariamente o drama da educação deficiente, da falta de escolas, da ausência de qualificação dos professores, do caos das instalações físicas e tantas outras mazelas do nosso ensino. Como professor e cidadão baiano posso entender com facilidade que nota 6,6 para o governador de nossa terra é uma vergonha.

Principalmente quando este governador é do mesmo partido do presidente Lula, seu amigo há mais de 30 anos e seu compadre. Com tudo isso ele não conseguiu aprender as lições que fizeram o Nordeste crescer e a Bahia, não saiu do lugar. Com tudo a seu favor ele tira a frágil nota 6,6 como gestor do estado e ainda considera uma grande conquista.

Sinceramente, vocês devem de concordar comigo: a Bahia merece notas melhores. Pensem nisso até 3 de outubro.



CARLOS ALBERTO SANTA CRUZ

Professor do Ensino Médio em Salvador, Bahia

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